Ego & Id

Em briga violenta e infinita

Duas almas se chocam dentro em mim

Uma, toda doçura e inocência de criança

A outra, ambiciosa e sensual

Madura fruta

As duas se esfaqueiam por uma atitude

As duas me odeiam se escolho alguma

E não se culpam quando eu

Indecisa, não atuo

E, no cercado do convívio dessas duas

Nunca poderia saciar aos dois desejos

O ponto em que uma, retraída, chora magoada

É quando a outra, fascinada, mais se entrega

Enquanto a menina se melindra com um beijo mais intenso

A mulher, no cio, exige mais

Se eu amarro a felina insaciável

Dando vazão à pureza e meiguice da criança

Pode a menina retornar aos seus brinquedos

Enquanto a mulher, frustada, insatisfeita

Em explosões escandalosas exige espaço

E, se ao contrário

Cedo aos desejos da selvagem dama

Mais uma ruga se instala no sorriso

Mais um motivo para matar uma das duas