SECA
Tenho comigo presa
a voz
Enroscada pelas cordas
como serpente em cipós
Tenho a dor:
- de amores antigos
e da falta de amor
- da presença do amado
e da ausência de calor
- da timidez da menina
e do medo de ser da mulher
Tenho flores espalhadas na memória;
umas brotadas do solo
outras paridas das mãos
Tenho mortos e vivos na lembrança;
guerrilheiros, clandestinos e fugitivos
abrigados no pais do coração
Meu Deus, um pé de trégua pra essa garganta seca!...
Olho para o céu da minha boca
e rogo chuva
pois, o rio que corria
pelo chão da minha fala
hoje é vala
terra dura
sala escura
solidão.
D.V.
30/10/94
CO, USA
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