ETERNAMENTE ILUSÃO (4)

“1999”

Realizar um sonho seria impossível

se não tivéssemos a ousadia de tentar...

Mas tudo acontece segundo o nosso

destino.

No início a incerteza toma-nos por

inteiro,

e, em um segundo, lá estamos nós,

fazendo realidade do que

almejamos,

e tudo parece estar definido...

quando, de repente, o vento nos

leva contra a maré.

O que parecia se realizar foge do

nosso alcance por apenas alguns segundos.

Então, o desespero invade o

coração,

e a luta espera uma razão,

pois o sonho

está sempre ao nosso

alcance.

E o destino arranca-nos a chance

como um raio corta os ares.

A tristeza invade os olhares

e o nosso sonho, que antes era o

nosso ideal, bate contra o muro

do real.

E, assim, segue-se a vida

que por um instante quase se vai...

Contudo, a esperança que morria tão cedo

retorna...

Na multidão, a ânsia de encontrar o sonho.

Na madrugada a procura se cansa...

E o amor grita mais alto que

a explosão de fogos de artifício.

A vida, cansada pela procura, adormece...

Na propensa busca em realizar

assim... o sol do novo dia surge

no horizonte da euforia, assegurando

que ontem já se foi, hoje temos

que viver, e amanhã tentar,

novamente, realizar o sonho,

pois a alegria de estar vivo

se concretiza em simplesmente

saber que teremos mais um

dia para sonhar...

E, no afã de ser feliz,

a vida, porém, cansada caminhava

sobre as areias

da ilusão, desejando tão-somente

encontrar você!

EU DISSE NÃO

Eu disse não...

Ao sentimento que sentia,

ao amor que crescia,

ao toque que queria.

Eu disse não...

Ao olhar que me agarrava,

à voz que me enfeitiçava,

ao sorriso que me cativava.

Eu disse não...

Aos sonhos e às fantasias,

Mas, vejam que ironia!

Optei em viver tão-somente o meu

dia-a-dia.

Eu disse não...

E ainda assim não pude me conter,

o desejo era forte E pedia pra lhe

ver.

Eu disse não...

Querendo dizer sim

Eu disse não...

Pois não gosto de mentiras.

Se a oportunidade nos dá,

a maldade tira.

Eu disse não...

Sabendo que perdia,

sucumbindo ao que me atraía e

ocultando o quanto sofria.

Eu disse não...

Querendo dizer sim...

SEM PERSPECTIVA

Entrego-me ao desejo descontrolado

em saciar as vontades do meu corpo

junto ao seu.

Atrevo-me a lhe perguntar se em você

posso encontrar os caminhos do meu

corpo e seguir o horizonte sem

perspectiva, de algo encontrar, pois,

talvez, quando menos esperamos,

algo brilha em meio à imensidão...

Pode ser amizade?

Pode ser paixão?

Tentar é se arriscar ao fracasso.

Já pensei

em dizer algo.

Já pensei em fazer tudo.

Mas, como o medo escapa de sobressalto,

o meu amor se esconde do mundo.

ELAINE BORGHI

verão de 2005