Raio de Sombra

Quantas vezes se é possível morrer em vida

enquanto vago, no vazio da eternidade?

Se sei que todas as coisas perderão as cores

por que, céus, insisto em dar mais uma volta?

Um dia - não riam - já fui até louvado

o problema é quando a presença se torna óbvia demais

Para que o Homem protegeria as florestas

quando depois "vai nascer tudo de novo"?

Talvez eu tenha mesmo um pouco de culpa

se as coisas da vida vêm em ciclos

ah... eu poderia ser apenas uma flecha

que aponta para o infinito, e nada mais

Parem! Não exijam mais nada de mim!

Hoje estou de luto, e é só por causa Dela

Não seria muita crueldade, se é que alguém me ouve,

apenas uma Sombra ser capaz de me apagar?

Não pedi para ser herói de ninguém

provedor, protetor, acolhedor

mas as flores amarelas insistiam em me olhar de soslaio

e eu só tentei fazê-las sonhar

Parem! Deixem-me ao menos morrer em paz!

Quando o mundo perdeu seu brilho místico

Na hora da revoada dos corvos, um gato mia,

e eu me preparo para desaparecer

Eu já participei das maiores explosões do universo

já presenciei morte, sofrimento, sangue e dor

Mas vejam só o tamanho astronômico da ironia

nunca estive pronto realmente para o Frio

Parem! Não exijam que eu seja forte!

Onde está Quilla? Por que estou cego?

Posso um dia já ter sido vosso rei

mas hoje me chamem apenas de Eclipse.

Renato Arfelli
Enviado por Renato Arfelli em 26/12/2005
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