PENSAVA EXISTIRES
PENSAVA EXISTIRES INTENCIONALMENTE
Pensava existires intencionalmente
Como uma revista com propósito.
Até me limpei o suficiente
Do azul metálico, da laca fosforescente
Que irradiava do rosto em antigo depósito.
Seguiam-me pela rua as interrogações
De transeuntes perplexos.
A cor que trazia nos lábios
Era um sorriso descabido
Na agrura do inverno sem nexo
Os amores voltam no estio
Esperam na primavera
Anseiam todos os meses
E morrem no Frio
Murcham na chuva.
Como brilhar em si de contente?
Hoje não. Nem tão breve.
Pensava ser atónito Não me aceitaram.
Todos me diziam estar perdido
Até lá veio o médico a comprovar.
Mas voltei com a receita da minha normalidade:
“Escreva e esqueça. De nada vale lembrar.”
Sim
Eu pensava existires intencionalmente
Pelo menos como algo que eu já tivesse lido.