AGUILHÃO
Dói a dor que me acompanha,
é verruma, é ferro em brasa,
que ao vento se torna mais quente
e que nunca, perene, se apaga.
Noites frias, madrugadas,
não importa dia ou hora
é constante, está presente
junto a mim triste e sombria.
Anestesia os instantes
fecundos de alegria,
exorbita em seus direitos,
e abala minhas crenças.
É uma dor grande, imensa...
em suas algemas me prende,
acorrenta-me às masmorras,
e por mais que eu fuja e corra
tentando subir os degráus,
me alcança e, sem piedade,
me atira, me lança no cáos.