GRANDE SENZALA CHAMADA "BRAZIL".

Em Roma,

Os vencidos tornavam-se escravos.

Epólios de guerra.

Assim também o devedor inadimplente.

Depois, "humanizaram-se" as coisas.

Escravidão jamais.

Os iguais se respeitam.

Não elimidada a ambição e o poder,

Veio a servidão

Como um novo modo de ser.

Mas, havia um povo estranho,

Negro e feliz,

Forte e voluntarioso.

Não sendo igual,

A regra da isonomia não vale.

Trazidos em galés,

Escravizados foram.

Aos ferros com eles,

Canavial e açoite.

Mas, o progresso insiste.

Precisa crescer.

A escravidão onera demais,

Temos que os suster.

Libertem-se os negros.

A sorte deles não é a minha.

Lutem por seu viver.

Circulando as riquezas

Com a força do metalismo,

A servidão impedia

O consumo "livre".

Surge o operário.

O empregado é dono de sua sorte:

De vida ou de morte.

Não é mais comigo.

Sou o capitalista.

O operário então,

Trabalhador "subordinado",

Ocupa o lugar do antigo escravo.

Sai o escravo preto

Entra o "escravo branco".

O preto só é livre quando alforriado.

O branco só é escravo enquanto empregado.

É uma forma eufêmica

De escravidão temporária.

E este país,

Que jamais valorizou

O Trabalho,

Transforma-se a passos largos

Em um gigantesca senzala

De alguns brancos, negros, índios e pardos.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 29/12/2005
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