†DIÁRIO DE UM CLANDESTINO†

Sou um clandestino nesse navio fantasma,

que possui á tempos um cheiro fetido e vertiginoso,

nele há um colorido inebriante,

e é de uma aparência bela e assombrosa

Nele vejo coisas que jamais pensei ver,

rostos que julgo ter visto,

vozes agudas que perduram em minha mente,

almas destruidas que destroem.

Nele nasci e nem sei o destino que llhe deram,

nem vejo onde navega,

sei que navega entre as estrelas,

que em seu ventre arde um fogo que jamais cessa.

Mas ao passar os dias se depreda este navio,

a tripulação que nele vive se encarrega-se de tal ato,

destroem o lugar que cedeu-lhes vida,

a memória das almas ausentes, o tempo dos que estão por vir.

Pareço não assemelhar-me a estes,

pareço ser um dos poucos que nota a decadência,

pareço ser um dos que viajam clandestinamente,

nesse navio fantasma chamado terra.

Ewerton Lages