NOTURNOS (1)
IMPUROS
Eu corro, caio e morro.
Eu choro, mordo e sofro.
Eu fujo, minto e não me sinto...
Eu cheiro, fumo e aplico.
Sinto o prazer e fico
alucinada na madrugada.
Eu como, transo e durmo
e ainda mudo de turno.
Eu faço tudo no noturno,
onde andam os impuros.
O PESCADOR
O pescador na canoa
tentando peixes pescar.
Os pés na proa
tentando descansar.
A dor no corpo
tentando dilacerar.
O pescador no mundo
tentando se enforcar.
XADREZ
Um coração vazio,
uma vida por um fio,
um rosto sem beleza,
uma vida com frieza.
Um amor sem esperanças,
uma vida de inseguranças,
sofrimentos escuros
de uma vida obscura.
Um jogo de reis e rainhas
vindo de castelos gelados,
jogando com a ganância,
matando a única e
real esperança.
Um xadrez de sofrimentos,
no qual os momentos se
perdem pela força dos ventos,
e a vida fica perdida na
traição de uma dama
escondida na mais profunda
razão do viver.
ELAINE BORGHI
Campinas, 31 de dezembro de 2005.