Sou tantas, sou nenhuma

não sou Amélia
a mulher que dizem de verdade
nem Carolina vendo a vida da janela
não sou a Rita que calou um violão
ou um retrato maltratando um coração
não sou as mulheres do Roberto
nem mesmo namorada de um amigo meu
não sou Maria Carnaval que virou pó
tão pouco uma Julieta sem Romeu
quem sabe eu seja as mulheres do Lenine
não sou nenhuma e todas elas numa só?
talvez, do Chico, eu seja a tatuagem,
uma risonha e corrosiva cicatriz
quem sabe, enfim, eu seja um soneto
ou as mulheres que só dizem sim?
No fim,
de todas elas,
eu sei, serei somente aquela
que por amar-te tanto
fechou o coração
largou num canto
e mesmo em meio ao pranto perdoou