Café da saudade
Lá reuniam amigos,
Falando de chuva, de sol.
De paz, de guerra, perigos,
De amor, de mulher, futebol.
Falavam de coisas do alheio,
Haviam discórdias e críticas
Falavam de dor com receio,
Proseavam profundo, a política.
No meio do bar, a sinuca
Servia de mesa e balcão.
Num canto uma turma maluca,
Cantava com um violão.
O "Zé" chegava sorrindo,
Pedindo mais uma cachaça
Aos poucos ia saindo,
Da chaleira, uma fumaça.
"Maria" entrava cantando,
Uma bossa do Jobim.
E "Mané" assoviando
"Conversa de botequim"
Eram manhãs sorridentes,
Eram mil prosas ao sol
Ouviam-se assim, de repente,
O gorjear do rouxinol.
"Toninho" chegava de manso,
Querendo jogar carteado.
Um verdadeiro descanço,
Um café movimentado.
"Véi Chico" o dono do bar,
Amigo da sociedade
À noite sempre ia fechar,
Aquele café da saudade.