Café da saudade

Lá reuniam amigos,

Falando de chuva, de sol.

De paz, de guerra, perigos,

De amor, de mulher, futebol.

Falavam de coisas do alheio,

Haviam discórdias e críticas

Falavam de dor com receio,

Proseavam profundo, a política.

No meio do bar, a sinuca

Servia de mesa e balcão.

Num canto uma turma maluca,

Cantava com um violão.

O "Zé" chegava sorrindo,

Pedindo mais uma cachaça

Aos poucos ia saindo,

Da chaleira, uma fumaça.

"Maria" entrava cantando,

Uma bossa do Jobim.

E "Mané" assoviando

"Conversa de botequim"

Eram manhãs sorridentes,

Eram mil prosas ao sol

Ouviam-se assim, de repente,

O gorjear do rouxinol.

"Toninho" chegava de manso,

Querendo jogar carteado.

Um verdadeiro descanço,

Um café movimentado.

"Véi Chico" o dono do bar,

Amigo da sociedade

À noite sempre ia fechar,

Aquele café da saudade.

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 02/04/2008
Reeditado em 06/03/2022
Código do texto: T928071
Classificação de conteúdo: seguro