Fumaça

Primeiro a sensação de liberdade, depois do primeiro trago será somente eu e ele.

Neste momento ele começa a tomar conta do meu corpo, nos tornamos um só.

Fico pensando em nosso futuro, tenho medo de perdê-lo.

Ouvi dizer que o fim demora a chegar, depende muito da maneira que eu o trato. Alguns me disseram que a dor que se sente é pior do que a dor de ter que abandona-lo.

O que leva uma pessoa a se render por uma fumaça

O mesmo que te dá prazer é aquele que queima seus sonhos, mingua sua vida, faz acordo com a morte.

Existe uma sede de encontrar otários para sua manifestação.

Ele vem de mansinho e com sua mascara santa nos torna dependentes. Nos engana, impõe conceitos, nos coloca contra suas irmãs alegando inocência e confiança por ser o mais velho delas.

Nos tornamos velhos amigos com suas palavras doces, suas ilusões e suas promessas. Em dias tristes buscamos sua companhia, nos dias alegres compartilhamos.

Ele me acalma e ao mesmo tempo me deixa eufórico, um impulso, um motivo para continuar.

Hoje, respirando o pouco que me resta, começo a entender porque doe tanto, não fui eu quem o abandonou, quem dera ter feito isso, mas foi ele que foi embora. Iludiu-me, usou meu corpo e me deixou, cumprindo seu objetivo de me apresentar à morte.

Gostaria de saber quem foi que disse que ele (o cigarro) não é uma droga, esta que ilusoriamente nos leva aos nossos sonhos.

A mesma que me deixou aqui no alto me permitindo realizar meu maior sonho, o de voar... Estou indo, mais sei que não vou voltar...

Beatriz Borghesi
Enviado por Beatriz Borghesi em 02/04/2008
Código do texto: T928385
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