No arvoredo da João Telles
No arvoredo da João Telles,
Eu te esperei uma vida inteira.
E nunca viestes ao meu encontro,
Como eu gostaria que viesses.
As pessoas que passavam, sorridentes,
Rumo ao Parque Farroupilha,
Por um instante punham os olhos em mim
E viam a minha inquietude.
E viam estampada em mim,
Toda a angústia, toda a ansiedade
Pela espera daquela que nunca vinha.
Por um instante, a alegria fugia
Dos rostos felizes daquelas pessoas.
Alguma coisa de muito triste
Percorria o corpo daqueles transeuntes
Ao me verem ali, parado, à espera.
Talvez, imaginassem, rapidamente.
O porquê da minha presença ali.
Por quem esperava eu, todos os dias,
Vestido com minhas melhores roupas,
Com um buquê de flores na mão esquerda.
Por um momento, sim, por um instante,
Aquelas pessoas estremeciam e admiravam-se.
Mas seus passos retomavam seus caminhos
E lá iam elas, felizes, rumo ao Parque,
Enquanto eu, infeliz, aguardava,
Metido em minhas melhores roupas,
Aquela que nunca veio.