POEMA IMATURO PARA A NUA DESACORDADA

Uma mulher

nua, escura como a lua ausente,

quase nova, quase adolescente,

recosta ao meu peito espreguiçado

e respira com o frescor do peito sem bronquite.

Houve uma vontade inconsciente

de empurra-la no balanço

das cantigas de sonhar.

Quantos homens passarão

por esse corpo de polegar na boca

tirado cuidadosamente pela imaturidade

de colocar açúcar na língua e mantê-la presa

nas garras da tua boca, que tanto subestimo.

Trocamos muitos beijos cafajestes

sem os cuidados nem dedos

da língua que lhe despia.

Quantos sonhos ali estarão,

em seu inconsciente de adulta,

ansiando esse pretenso corpo maduro

de olhos deitados sem temer qualquer escuro

em repouso depois ter debelado o incêndio.

Matei seu medo com a arma branca

das mãos em tanta inquietude

cedendo no consentimento.

E, na manhã, enquanto a lua sem claridade se escondia,

resolvi tocar, sem medo algum da minha imaturidade,

seu corpo nu por cima da claridade e dos linhos

seus olhos de lua nova, cheia e minha

enxutos, calmos, extasiados!...