MAIS UM DE SACO CHEIO.

Tô de saco cheio.

Estudo pra caralho.

Fico com dor nas costas.

Casa-trabalho.

Vou dar um chute no balde

Pisar na jaca

Fuder com tudo.

Dane-se o mundo.

Hoje tô irado.

Tô de saco cheio.

Parece que tô com chato.

Coça e coça e coça.

Tá vermelho,

Purulento como meu País.

Queria comer um cú de deputado

Ou a bunda de um senador.

Lógico que com um pau de prego

O meu não, tá doido.

Tô de saco cheio

Da sacanagem

Que rola solta.

Enquanto fico hermeticamente fechado

Fazendo tudo certinho,

Fazendo a minha parte.

Vai pra puta que pariu

Quem pariu tudo isso

E deu o nome de Estado-Democrático-De Direito.

Fudeu.

Tá acostumado com os meus versos.

É assim mesmo, falo de tudo.

Vou do erótico ao sacro,

Até mesmo do submundo falo.

Fazer arte, mesmo sem artista ser

Porque sou um simples escritor amador,

É assim mesmo

Tem que ter fogo nas ventas

Pra exercer a liberdade de pensamento e de expressão.

De que adianta ser livre

E nada dizer?

Calar é consentir.

Com meu sangue italiano

Agora fervendo

Mando toda a canalha

Pra puta que pariu

O Brazil deles

Não o nosso

Que amo e por certo

Verei um dia talvez

Desinfetado.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 04/01/2006
Reeditado em 04/01/2006
Código do texto: T94387