Poeta artista ou louco

O poeta morre ainda criança

Nas palavras que ficam por dizer

Na incompleta chama da esperança

Na solitária nave do querer!

O poeta nasce da mudança

Das palavras duras mastigadas

Ao mesmo tempo grito e lança

Mágoa e carne amordaçadas!

O poeta mata-se na insegurança

Se a palavra cala e o sonho debela

Se pelo verbo o nunca alcança

Na vontade que alta se flagela!

Se o poeta nasce sob o luar

Revela-se astro palavra flor

Que a luz da noite quer apresar

Para ao dia dar novo sabor.

Mas se o poeta chega madrugada

Abraça o dia e o tempo todo é pouco

Na promessa da palavra destinada.

Mostra-se artista, mas diz-se louco.