Eu vi um menino na vala
"Eu vi um menino na vala
vi um menino na vala
um menino na vala
A vala era triste ao redor do menino
e vi, além da vala, o que ninguém via.
Vi alguns olhos naqueles dois do menino
e o vi diferente ao que pensava ser um menino na vala, ele sorria...
Eu era a ameaça próxima porque o via
E certamente eu me vi na pele daqueles olhos
E por essa razão existia pena
Por ver a mim e pouco a ele.
Havia uma lágrima barrenta a banhar a alma do menino.
Pensei se não haveria uma tristeza por estar ali
Mas não vi, vi apenas um riso.
Não chorava, não falava
Sorria apenas e o universo começava aí.
Eu vi nessa cena vidas meninas na vala
Porque não era uma cena,
Era um menino na vala.
Segundos de uma eternidade
que brincavam diante de mim numa vala,
Da palma da mão se fazia o barquinho,
a vala era o mar sujo do menino
E ali, no meio daquela imagem,
o menino na vala,
não era um menino,
era um gigante.