Eu vi um menino na vala

"Eu vi um menino na vala

vi um menino na vala

um menino na vala

A vala era triste ao redor do menino

e vi, além da vala, o que ninguém via.

Vi alguns olhos naqueles dois do menino

e o vi diferente ao que pensava ser um menino na vala, ele sorria...

Eu era a ameaça próxima porque o via

E certamente eu me vi na pele daqueles olhos

E por essa razão existia pena

Por ver a mim e pouco a ele.

Havia uma lágrima barrenta a banhar a alma do menino.

Pensei se não haveria uma tristeza por estar ali

Mas não vi, vi apenas um riso.

Não chorava, não falava

Sorria apenas e o universo começava aí.

Eu vi nessa cena vidas meninas na vala

Porque não era uma cena,

Era um menino na vala.

Segundos de uma eternidade

que brincavam diante de mim numa vala,

Da palma da mão se fazia o barquinho,

a vala era o mar sujo do menino

E ali, no meio daquela imagem,

o menino na vala,

não era um menino,

era um gigante.

Geovane Belo
Enviado por Geovane Belo em 04/01/2006
Código do texto: T94442