UM VAPOR SEM POESIA
O vapor disse a me olhar: "Quem me dera,
Ser o romance que tu vês nesta praça.
Ter o porto no teu verso, que disfarça,
Se me tomas descrevendo d’outra era...”
“Não se perca! Fale do sol, da heliosfera;
Da serpente que jamais se desenlaça...
Trame teus enleios ao amor que venera...
Pois de mim só tens a ouvir desgraça!”
“Vedes esta ponte concreta e descrente?
Es minh’alma de vai e vem, num rio nu,
Morrendo em teu soneto indiferente...”.
“Finde seu verso e vai-te desta orla vazia
Já fui de esperar bons versos como tu,
E hoje sou mais um que não vai... apenas ia..."