cais dum corpo


"em tua pequena capela
rouca de silêncio ..."
[sophia de mello breyner andresen]
 
  

veias de sangue se avolumam,

a carne em fidelidade e

crua ao osso, gruda extensiva-

mente e todos os sentidos

descontrolam músculos a deixar

rastros de querências como se

 a única necessidade fosse

à saciedade do corpo.

palavras, etilicamente, profanam e se

misturam às necessidades e imagens:

de línguas e incêndios rasam à memória,

a saudade, inequitante, soletra veludos
boca a boca, o coração acelera emergências e

ao canto dos lábios labirintam

poemas em sede. sei décor o sabor

que salivam as palavras, enquanto,

veias sagram e aguarelam a derme;

um corpo de água e sal desfalece

amplo e líquido:

 

lambe-me nos grumos das palavras

incuráveis, em defesa do tempo,

até o nascer de julho. 

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