A FORNICAÇÃO
Quem derrama a energia
De forma tão leviana
Não conhece a alegoria
Da tragédia humana
Pois o fruto proibido
Devorado por Adão
Foi por ele cometido
Em nome da perdição
E a água tão preciosa
Fonte de toda ciência
Foi de forma vergonhosa
Perdendo sua potência
Se nosso sagrado esperma
Foi derramado, então,
Somos como um palerma
Sofrendo profunda aflição
E depois da copulação
Ficamos debilitados
Devemos pedir perdão
Por termos desperdiçado:
Milhões de seres vivos
Que lutam à exaustão
E de modo tão combativo
Chegam à grande união
Mas só um desta multidão
Vai conquistar sua sina
E após a concepção
Vai nascer menino ou menina
E os homens, de modo senil
Agindo como debilóides
Perdem a energia viril
De seus espermatozóides
Pois seu prazer coabitado
De um estrelado orgasmo
Vai deixá-lo esgotado
Com sua vida em marasmo
Em seu prazer tão intenso
Todo o seu organismo
Sofre de um modo imenso
Fazendo do seu fosso um abismo
E o leito do nosso ato
Que tivemos com nossa dama
Vai ficar com um retrato:
Uma mancha em nossa cama
Pois quem coabita como animal
E derrama o Vaso de Hermes
Enche o seu quarto astral
De muitas larvas e vermes
E assim somos fecundados
Ou somos então concebidos
Sejam os grandes soldados
Ou os filhos decaídos
Somos frutos da semente
Provindos da reprodução
De modo tão inconseqüente
Somos filhos da fornicação