O beijo

O chamado daquele momento veio sem querer.

O sol ardia e reclamava envelhecido

A duras penas aquele dia.

As flores pareciam ensandecidas,

Solfejavam o orvalho da manhã...

Na verdade queriam sarar a boca seca,

Com frescor da brisa, que não vinha.

Na verdade estava muito calor,

Que os olhos turvaram diante da sombra

Sem ter um identificador.

Era você, que diante de mim parou...

Com as mãos na fronte fixei num tempo exato...

Recordei da menina,

Lembrei da amiga e quando abri os olhos era uma mulher.

A mulher...

A mulher, que olhou dentro dos meus olhos e

Me teceu um beijo de seda, no vazio do meu rosto...

Que gosto, que susto, que veneno a esse homem carente.

A mulher, de tom moreno,

Cabelos castanhos claros e encaracolados, seios vivos

Disse-me em tom puro, algo que sábio algum sabe esclarecer;

Algo que o homem tem para conhecer...

E tão sério, tão feto...Necessário,

Que em segundos se esvoaçou.

Não deu tempo para falar,

Pois que a fala ficou perdida.

Não deu tempo para assimilar,

Pois que a cabeça ficou envolvida.

E tão sério, tão profundo...Humano,

Que até hoje me marcou.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 25/04/2008
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