A PASSAGEM DO DIA E DA NOITE

Do vazio firmamento

De azul cintilante

No mais fundo momento

Soa a voz do rompante

É o sol que acorda

De amarelo rosado

Que envolve sua borda

Com seu halo dourado

Bramem as vozes do céu

Como andorinhas do mar

Que não voam ao léu

Nem pelo dia a raiar

Assim vai o dia

Adormece o Rei-Astro

Em seu mar-moradia

Sem deixar nenhum rastro

Cai a noite trevosa

A cortina aparece

Com uma luz tão rugosa

Mas que a noite comece

Madrugada sombria

De ventos a frio

Que melhor que seria

A quem nunca sentiu

As estrelas são festa

Companheiras do mar

E dão grande seresta

Pra sereia cantar

Que da voz do seu canto

E da beleza inefável

Que até o seu pranto

Faz-lhe ser tão amável

E o Astro Dourado

Que desperta na autora

Tão assim – concentrado

Cedo vem – e vai embora.