deus

deus bebe coca-cola

na sua pose homérica

sem me dar nenhuma bola

sem nenhum sinal de trégua

ei, deus! desce daí!

vem cá fazer um carinho em mim

mostra de novo, quero ver direito

passar a mão e alisar seu peito

deus conhece a tática

mas sempre escolhe o alvo errado

imperfeito ou antiprático?

cego ou desorientado?

ei, deus! estou aqui!

venha me acertar ou me persuadir

já está na hora de você descer

mostra de novo que eu quero ver

deus recita poemas

como quem beija cheio de desejo

e fala sacanagens

como o que uma língua provoca num beijo

ei, deus! me beije agora!

fala sacanagens bem no meu ouvido

mostra de novo que eu quero ver

aquilo que não canso de nunca ter visto.

18 de Abril de 2001