Silêncio
I
Eu tento um silêncio dentro de mim
Mas o meu coração bate mais forte
E me diz que tem que ser assim.
O encanto e o susto me prendem a você
É algo novo, mas parece que sempre existiu
Parece que em toda a minha vida eu só fiz
Esperar por você.
II
Bebo o cheiro da chuva na terra seca,
Abraço a Mantiqueira e as cordilheiras
Já não são mais intransponíveis para mim.
Receio somente as pessoas. Elas sim,
Pensam alto nas estrelas, mas raras são
As que brilham quando é noite escura,
E no silêncio que eu tento, tudo se faz ventura.
III
Anjos que velam a vida, o sono e a morte
Dissolvem trevas, oscilam sorte,
E eu não creio no que penso,
Mas o mesmo pensamento permanece depois
E os meus olhos cheios de sonho e sol
Mais uma vez crêem na vida e partem
Para vivê-la.
IV
Na fome de ser, nutro secreta simpatia
Que não se esvaia com o dia.
Então eu me arremato e me envolvo
Num silêncio frio que submerge incertezas
Em manhãs claras de risos e lágrimas
Onde já brilham amontoadas esperanças
V
Eu espero sempre, tudo aquilo que
Nem por um instante, eu desisti de querer.
E nessa espera me pego sempre à espreita
De um sonho que sonhei com você.
Um sonho de espanto e admiração,
Desejo num momento e querer eterno.
VI
Há um silêncio onde tudo cabe
Tudo cala, tudo fala em frementes
E comovidas falas dentro do meu ser,
dando a certeza de que
As coisas boas podem nos machucar:
Mas nunca nos arrepender.