Referencial
Alçar vôo...
Me lançar ao vento
Piruetas, manobras radicais
Mergulho perpendicular
Rasante
Asas? Fortes, saudáveis
Coragem? O bastante
Ousadia? O suficiente
para arriscar
Sede de descobertas
Necessidade de novos ares
Porém, para voar livre
Preciso de chão
Não um buraco negro
Vazio, infinito
Preciso de terra firme
Uma garantia de amparo
Um ponto final
e ao mesmo tempo
Reinício
Pois ainda que caia
Ainda que me esborrache na desilusão
Terei um limite
Para novamente abrir as asas
Me reerguer e
Voar, voar
Voar.
José Abbade, in BAGAGEM DE MÃO - poesia em verso e prosa,
Editora CEPA, Salvador, 2007