Sacrilégio

Sacrilégio !

é a solidão do meu corpo

com o peso do desejo morto

na fria cama da dor

Sacrilégio !

é minha boca seca e vazia

sedenta de euforia

dos doces lábios do amor

Sacrilégio!

é o coração em lampejo

caído e jogado ao chão

pisado e machucado

sem direito a extrema-unção

Sacrilégio !

é a noite nua e fria

com a alma no colo

da letargia

queimando na escuridão

Sacrilégio!

é a vida hibernando

os dias se esvaziando

o tempo lágrimas magoadas chorando

ecos ao vento gritando:

onde anda meu Prometheu!

Em que céu se escondeu

em que braços se aqueceu

que o meu amor esqueceu!

Sacrilégio !

é conjugar o maldito verbo imoral

que para o mundo é bendito e banal

mais que causa tanto mal

ao estéril desejo carnal

Sacrilégio !

é um sonho quebrado e desfeito

como um punhal que sangra e

rasga o peito

e vê que alma não tem jeito

porque no calabouço morreu

e na taça da loucura não bebeu!

01/09/2004

23:40

Zena Maciel
Enviado por Zena Maciel em 04/04/2005
Código do texto: T9727