A LENTA AGONIA DE UM BRAVO

Ó bravo, imenso e poderoso

Rio Parnaíba nordestino

potente a toda prova

águas correntes, incansáveis

beleza básica e serena

berçário exultante, amoroso

vento veloz e saudável

a nós, teus filhos queridos

acolhe nos teus braços possantes...

Nas tuas margens brancas e quentes

na tua labuta bonita e sentida

na tua renovação diária

sensíveis nos deliciávamos.

São tantos os que vão a ti

e ainda tens a oferecer-nos

o teu real desempenho total.

Nos teus ombros, os muitos transportes

com tua disposição testemunhada

a todos beneficiaste

dos peixes diversos que criaste

em teu leito a brincarem.

Hoje, como se ontem não tenha sido

agonizas, lentamente, em teu leito

e aqueles que bem podem salvar-te

encontram-se onde, ó meu bravo?

Vinde, ó homens, vinde,

senti, nas células e na pele

assim como eu sinto os gemidos

de um bravo que luta agonizante.

Por não dispor dos meios capazes

de restaurar-lhe as forças perdidas

como vós podeis, ó homens fortes,

bastando-vos o acréscimo do querer.

Sabeis, pois, da minha razão sofrida

e da minha esperança vital

de que vós sejais tocados

ó irmãos meus, em Cristo Jesus!!!

Teresina, 22 de agosto de 1983.

(Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 80.)

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Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 04/05/2008
Reeditado em 07/10/2011
Código do texto: T974145
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