SOUVENIR

Nas horas desertas de insônia na península quando ergo o olhar para o páramo reparo o vazio à vista que habita em mim, ao passo que nú, 
só e desarmado o beijo
imorredouro da solidão faze-me por calar à boca.
 
Ei-lo o amor nóbil de valia a subjazer à ira do front, a tomar parte numa intentona de amarga-me alegria.

Eis o amor onde a perfídia
beija e trai a mentira.
Onde o relho fétido e caquético
abraça-me, afaga-me e se compraz no açoite.

Eis o amor onde a rejeição é ferida pungente que sangra da lâmina ofídica do sabre 
e não cicactriza. 
Onde a tristeza e o desamor  reina, dança a bailar d'ante o nada que restou: um inútil souvenir de amor.

Como toda gente,
Ò ilha do mêdo, 
ainda desvia de mim
teu olhar como se fosse obsceno vê o amor chorar?

No cálice
de estanho do teu brinde
fui teu amante e companheiro. 
Fui leal teu amor supremo e verdadeiro.
Sorvir teu licor,
e as lágrimas que
verteram secaram.

Alívio, ainda que tardio.
Ainda há tempo, resta o lado vivo de mim!

SERRAOMANOEL - SLZ/MA - TRINIDAD - 04.05.2008.
serraomanoel
Enviado por serraomanoel em 04/05/2008
Reeditado em 05/05/2008
Código do texto: T975343
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.