Flores Urbanas

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Pra dizer em abril

Que o amor, outra vez, sonhou a esperança.

Mas que tudo ao redor é crença;

Mas que tudo ao redor está a mercê da violência.

Hoje o meu coração está em silêncio,

Não porque a realidade é crua;

Não porque a felicidade não dura...

Homens e mulheres

Estão perdendo a conta,

Estão vivendo as escuras.

As famílias, é claro, estão meio que sem rumo,

Não sabem das flores,

Não sabem das horas...

Tão pouco do muros.

Há todos os dias meninos e meninas pintando o quadro,

Enquanto as senhoras ficam tecendo lágrimas em cada fim do dia.

Não há o que não dizer,

Como não o que não fazer.

Ainda há cidadãos na cidade,

Ainda temos valores.

Por que então não fortalecer os atores e transformar de vez

O caos em liberdade incondicional.

Ainda nos falta humildade

Pra sentar a mesa,

Pra ouvir de Teresa,

O que o povo quer.

Não é uma bandeira,

Não é um escravo,

Não é um salvador.

Se não for além do amor,

Nos basta o respeito.

Porque as leis que estão no leito da ilha,

Servem apenas a interesses capitais.

Não somos animais,

Não somos pecadores condicionais,

Somos seres Humanos.

E não é a terra mais importante que o pó, ou,

Esse pó mais importante que a terra.

Viver com dignidade é o que nos basta.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 06/05/2008
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