Flores Urbanas
Não tenho perfil
Pra dizer em abril
Que o amor, outra vez, sonhou a esperança.
Mas que tudo ao redor é crença;
Mas que tudo ao redor está a mercê da violência.
Hoje o meu coração está em silêncio,
Não porque a realidade é crua;
Não porque a felicidade não dura...
Homens e mulheres
Estão perdendo a conta,
Estão vivendo as escuras.
As famílias, é claro, estão meio que sem rumo,
Não sabem das flores,
Não sabem das horas...
Tão pouco do muros.
Há todos os dias meninos e meninas pintando o quadro,
Enquanto as senhoras ficam tecendo lágrimas em cada fim do dia.
Não há o que não dizer,
Como não o que não fazer.
Ainda há cidadãos na cidade,
Ainda temos valores.
Por que então não fortalecer os atores e transformar de vez
O caos em liberdade incondicional.
Ainda nos falta humildade
Pra sentar a mesa,
Pra ouvir de Teresa,
O que o povo quer.
Não é uma bandeira,
Não é um escravo,
Não é um salvador.
Se não for além do amor,
Nos basta o respeito.
Porque as leis que estão no leito da ilha,
Servem apenas a interesses capitais.
Não somos animais,
Não somos pecadores condicionais,
Somos seres Humanos.
E não é a terra mais importante que o pó, ou,
Esse pó mais importante que a terra.
Viver com dignidade é o que nos basta.