O TEU CHEIRO E A BORBOLETA (Ao esposo Geraldo)
Assim como do teu cheiro eu gosto
até uma borboleta gostou
repousou sobre ti, amiúde
como eu, ela também ficou.
Sem sabonetes cheirosos
sem desodorantes quaisquer
é o teu cheiro aprazível
desprendido da tua pele macia
tostada pelos fortes raios solares.
Maior concentração reside
nas tuas reais axilas
do cheiro a que me refiro.
Confesso, se a borboleta falasse
não a teria deixado parada
sobre tua pele queimada
porque é pela língua inquieta
que muitos vão e não voltam.
Repousa a borboleta pintada
sobre ti, território completo.
Vôou, a borboleta, algumas vezes
retornou outras vezes também
Agora está não sei onde
deve ter voado pro grande céu azulado.
Batalha-Piauí, 21 (Tiradentes) de abril de 1984.
(Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 87.)
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