MADRUGADA ETERNA
MADRUGADA ETERNA
É engraçado como o sonho se vai
Feito um gozo desprovido de desejo
Feito o apagar das luzes dos prédios
ao cair madrugada
O arrepio em minha pele
escorre meu corpo lentamente
É seu toque
que passou num passado distante
e entoou meu fado
Minhas letras já não falam mais de amor
Meus olhos já não brilham sem luar
E a fada que me sorriu madrinha
Faz-me visitas
esporadicamente tristes
A menor distância entre a lembrança e a saudade
É o que se viveu
Quando foi bom
Diante da avenida movimentada
Deposito meus pesares
nos ruídos velozes que velam verdades incompreendidas,
as feridas voam junto
e as falácias de amores eternos...
e os sonhos...
e as realidades
apagam-se lentamente
feitos as luzes dos prédios
ao cair madrugada.