Olhos de açucenas

Tão lúcido o sol penetra a janela

tentando aquecer as lembranças

afogadas pelo orvalho da aurora.

E teus olhos de açucenas

lembram as neblinas montanheiras,

lembram o revoar das gaivotas feito painas.

Sinto-te em ventos palpitantes,

em cânticos das sereias,

e me sinto frágil,

como a claridade da lua diante do sol.

E no horizonte largo,

vejo teu rosto desprendido de amores,

e teus lábios amarelos de girasol,

deixam de ser ostras para serem pétalas:

densas, porém, diferente de aroma em cada flor.

Ao anoitecer,

a tua dor guardo dentro dos meus olhos,

como o dia guarda a constelação,

para no amanhecer seguinte estar terminada em cristal.