ALIMENTO
Um pardal no meu jardim
de cimento, biqueiro
e visão que enternece,
ignora e dele a angústia
eviterna pelo minuto
de um sorriso que nada evoca.
Quer um alimento
e nada transparece
em súplica ou bramir.
Sem sombra de tédio,
na irrequietude de um corpo são
e na do meu despertar efêmero,
é tosco no jardim.
Frio de cimento.
Vem e fita grãos
espalhados, ordenados
pela natureza, que na maneira
do mistério de pré-saber, oferta.
Logo, ilusão, desvanece.
E um abismo na tarde recolhe as sobras.
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