SOPA DE LETRAS
Havia uma prosaica sopa de legumes
à tua espera.
Meus olhos amendoados de paixão
a temperou,
com cebola, salsa e canela.
Meus olhos avermelharam-se
e não havia beterraba na panela.
Era o vermelho da incógnita,
a se misturar no caldo
de aconchegos sutis.
Um aroma salta à sala
meu nobre gesto exala
hipnose de alecrins.
Me acalma a dúvida
insistente e errante
de mandalas,
tarôs e i-ching.
Busco, não mais a mim.
Medito inconsciente e fito
o presente,
um aroma exala paciente
na sala.
Levanta-se uma concha
do incipiente, que ao fogo,
bolhas insistentes brindam
a meu olhar ausente.