SOPA DE LETRAS

Havia uma prosaica sopa de legumes

à tua espera.

Meus olhos amendoados de paixão

a temperou,

com cebola, salsa e canela.

Meus olhos avermelharam-se

e não havia beterraba na panela.

Era o vermelho da incógnita,

a se misturar no caldo

de aconchegos sutis.

Um aroma salta à sala

meu nobre gesto exala

hipnose de alecrins.

Me acalma a dúvida

insistente e errante

de mandalas,

tarôs e i-ching.

Busco, não mais a mim.

Medito inconsciente e fito

o presente,

um aroma exala paciente

na sala.

Levanta-se uma concha

do incipiente, que ao fogo,

bolhas insistentes brindam

a meu olhar ausente.

Rocio Novaes
Enviado por Rocio Novaes em 05/04/2005
Reeditado em 23/04/2005
Código do texto: T9905