ALCÂNTARA E O DIVINO ESPÍRITO SANTO

D’alvura amantética desperta dentre ruínas de pedra e cal
O ai – Jesus dileto da Tapuitapera, o pelô afro, a matrona profana e ameríndia d’ Alcântara imperial.

E assim segue no rito o séqüito por celebrar sobre os Apóstolos do Cenáculo a descida do Espírito.
Em uníssona voz ecoam altíssonos cantos solenes de louvor e ladainhas.
Ao passo que sem gunga-muquixe, divas, ninfas e sinhá moças,
sacerdotisas, amas-de-leite, caixeiras rufam os tambores e de açúcares beijam doces dão prendas como espécies de amores.

Alígero de alcatifa persa o Império forra o ladrilho,
ergue o mastro ornado de frutas e amanho de murta e flores.

E lá do alcândor  a pomba sublime é símbolo no lábaro,
o estandarte do Divino que desafia o tempo e o mito comemora.

Entre o rito e o mito viva o Espírito Santo e a Pomba do Divino.

Alcântara e o Divino imprescindem!

Gunga-muquixe= Entre os antigos negros bantos no Brasil, maioral, chefe, magnata. Do quicongo nganga-mukixe= feiticeiro.
Gunga= Guizos usados aos pares, amarrados nas pernas dos dançarinos do Moçambique.
Amantético= Amoroso, apaixonado, sensível, delicado, Cortez.
   

MANOELSERRÃO - SLZ/MA - TRINIDAD - 17.05.2008.  
 

 

 

serraomanoel
Enviado por serraomanoel em 16/05/2008
Reeditado em 14/01/2009
Código do texto: T992798
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