Dedicadas à minha mãe (in memorian)
A ESPERA
Esperemos com fé e com amor.
A volta do pequenino da manjedoura.
Esperemos com humildade e dedicação.
A volta do filho de Deus, nossa salvação!
A ROSA E O ESPINHO (soneto)
Era uma vez uma rosa tímida, mas orgulhosa
Seu perfume inebriante a todos encantava
E havia um espinho que a achava maravilhosa
Era um amor muito mesquinho, mas ele a desejava.
Um dia a rosa viu o espinho e apaixonou-se
E aquele espinho miserável pela rosa foi amado
Tudo era perfeito, a rosa por amor transformou-se
Mas havia algo: o espinho era um inconformado.
E a rosa chorou, chorou porque ela o amava
Era um amor completo, ele um espinho miserável
A rosa fraca, triste, nem perfume mais exalava.
Tudo foi perdido, o espinho tornou-se detestável
E agora o espinho espera, espera que o amava
Espera paciente, que volte o perfume inigualável.
E ele ainda espera, pois a rosa não mais perfume exalou...
AS AREIAS DE MARTE – poesia cientificista
As areias de marte são gélidas.
As areias de marte são puras.
Vermelhas de fogo, puras e gélidas;
Mesmo com ela, a terra esta nua.
E foi ele quem a tornou assim: cria!
As areias de marte são de morte...
“A paz, é a única forma de nos sentirmos realmente humanos”(A.Eistein)
Carnaval
Pierrot chora enquanto Colombina ri.
As no fim quem ri mesmo é o Arlequim
E enquanto isso, o Zé vai trabalhar, pois...
... é quarta-feira de cinzas.
CONTOS (Chico Xavier – Emmanuel)
Defesa o bem a todos
sem reprovar ninguém.
Deus não te pedes contas
pelos atos dos outros.
Se alguém carrega culpas,
já sofre o quanto basta.
Não comentes feridas
que um dia talvez sofras.
Se buscas melhorar-te,
não tens tempo a perder.
Ante Deus, cada qual
responderá por si
DA MINHA ESTRELA VERDE
Da minha estrela verde, contemplo o espaço
Tudo é vazio e solidão, frio, vazio, solidão
Na minha estrela verde, todos são de aço.
Aço duro, pensante, que observa esta imensidão.
Observar é a minha função, triste sina
Nada se pode fazer, só observar, e sofrer.
Ver a destruição e a morte triste assassina
Ver o fim por si mesmo, ver e nada fazer.
Daqui tudo posso observar sem medo
E este tudo num espetáculo triste se abre
Tudo é fim deste tétrico enredo.
Mas há esperança na flor que se abre
É lá que o amor vence o medo
Vence triunfante, fugaz na flor que se abre (amor)
DENISE
Digo-te que és maravilhosa
E te digo mais: és bela flor
Nada é mais belo que tu, minha rosa
Insisto em dizer-te palavras de amor
Se ficares envergonhada, não tem nada
Este que te fala, te diz: És minha amada!
Espera
Espera,
Espera a guerra,
Espera a terra,
Espera a nova era,
Espera, espera sempre por ela.
ESQUINA
Numa esquina um bêbado caído na calçada
Chora suas mágoas para a noite que está calada
Naquela esquina é só isso: o bêbado e sua dor.
Noutra esquina uma prostituta faz o seu ponto
Espera aflita por qualquer um que esteja pronto.
Pronto para o que der e vier, seja quem for.
Não há mais desejo, não há nada; seja quem for.
Noutra esquina, um jovem está drogado.
Dele, todos têm nojo e chamam-no de coitado.
Mas ele gosta disso; de ver assim, o mundo.
Pelo menos ele parece ser menos imundo.
E assim de esquina em esquina a vida vai passando.
E os que se vão, vão dando lugar aos que vão chegando.
Todos têm uma história triste e suja que vão contar.
E de sujeira em sujeira, sujas estas esquinas vão ficar.
ESTA NOITE
Esta noite eu me sinto negro
É um negro de tristeza, que me envolve
E me envolve tão profundamente
Que eu não consigo dele escapar
E daí vem a solidão triste e sorridente
Para me atormentar, ... vazio
Dentro de mim só há o vazio
Profundo e negro como esta noite.
VESTIBULAR
“O sol não parece nascer nesses dias
Tudo parece vazio, vão, um nada
Está frio, estou só sem nada
Silêncio vão e sem sentido
E eu sem você, esperando...
Esperando o amanhecer,
Pois o sol é meu amigo!”
Um pensamento dela
“Foi o tempo que perdeste com tua rosa,
Que fez tua rosa tão importante.”
TRISTE DIVAGAÇÃO – monólogo
Só me resta agora a dor, triste companheira
Odor quente de rosas murchas, mortas...
Frio que percorre o meu corpo, que herdeira.
Risos? Não há mais; só tristeza de folhas mortas.
Impiedoso e vil destino, cadáver frio e morto
Minha única e triste sina; morrer, morrer....
E os vermes começam por meu triste rosto.
Não há mais nada, nem esperança, só renascer.
Tudo é cinzas, mortes, cheiro de podridão.
O meu corpo, só tem agora um amigo: solidão!