O SOM DO VAZIO
Escuto o som do silêncio
No meu quarto a vagar
Nada ouço - a não ser o ar
Apenas o barulho do nada
E o marulho do mar
Que me ensurdece
E o meu coração endurece
Para ouvir tal música parada
Mas que me aquece
Como o calor da mulher amada
Escuto o som do vazio
Como o silêncio de um rio
Que me preenche o ser inteiro
E escuto de modo sobranceiro
O mesmo som, que é primeiro
Que me preenche o meu ar
Que de tão inflamado
É como um ser encorpado
Insuflando meu trágico pesar
O som do nada
É como um som intestino
Preenche meu ser menino
E vagueia como luz dourada
Minha alma em grande bem-estar.