Quites
Do lado avesso
Ao qual me mostram perdição,
Caminho certo de que
O meu coração
Se sente como se estivesse
Ao lado de um irmão.
Tantos cuidados
Para amargar o sabor
De me sentir liberto...
O que fizeram para me livrar
Desta dor que sinto?
Disseram mentiras,
Às vezes calaram,
Chamaram meu nome
Sem saberem escrevê-lo,
Roubaram as chaves
Da porta da frente
E, mesmo que eu
Não enxergue as paredes,
Já estamos quites.
Do lado de fora,
Eu sou quem eu quero,
Mas sou por que gosto de ser outro.
Às vezes não posso
Trocar o meu nome,
Então troco as palavras
E inverto o sentido.
Jogaram-me num precipício,
Pensaram que eu fosse cair,
Mas eles não sabiam que eu tinha
Asas embutidas nos meus pés.
De olhos abertos eu consigo
Ver o que eles querem,
Mas, se os fecho,
Só eu sei o que eu enxergo.
Disseram mentiras,
Às vezes calaram,
Chamaram meu nome ao contrário,
Roubaram minhas armas,
Não tenho escudos
E, mesmo que eu perca a batalha,
Já estamos quites.
21 de Junho de 1998