UM DIA NA VIDA
Existe um dia na vida
em que abrimos a casa
e quase que nenhuma casa
busca lucro, abre comércio
e portas tantas se fecham
em homenagem à não-vida.
Nessas horas, nesse dias,
varremos tantas saudades,
tantos réquiens prestamos
feito dores mal-curadas.
E, mais do que homenagens
há uma celebração à vida,
ao saber estar-se vivo
e entre tantos convivas
lembrar o feito imperfeito
e as virtudes, inocência,
dos que se foram há tanto
(ou há tão pouco, talvez).
Falar dos entes queridos
que habitam nossa memória
e vivem na nossa vida,
em nosso sangue e lembrança.
Lembrar dos dias, das noites,
dos tempos amargos e bons.
Lembrar da vida fugida
como um novo renascer.
Lembrar histórias, casos, contos
e caminhar entre lembranças...
Existe um dia na vida
que há uma pausa infinita
e em tantos santos campos
caminhamos, caminhamos.
Levamos flores e prantos
e negros vestidos que bailam
nas nuvens do cinzento dia.
Em dia de finados
a vida tira uma folga
mas deixa bem claro:
amanhã
eu voltarei a te ver.