Existência insólita

Caminho pelos mares da discórdia

Assisto ao pôr-do-Sol das incertezas

Ilusão? Sonho? Não sei viver

Estou à procura de um ponto de partida

Perdido na escuridão da ignorância

Apelo à minha alma

Tentando ouvir um sussurrar apenas

Não, ela não pode me escutar

Observo as estrelas, alcanço o Universo

Tudo é sincronia, perfeição pura

Não, não há perfeição

Busco incessantemente por esta palavra

Que vaga no horizonte, distante

Onde estou? Não sei.

Estou cegado pelo desejo, atormentado pela glória

Meu espírito já não me dá forças para caminhar

Minha trilha perde-se na imensidão da escuridão

A luz que me ilumina é a chama do pesar

Pecar contra minha vida por nada?

Minha cabeça roda, estonteada por pensamentos oprimidos

Não sou capaz de suportar a dor

Quero me libertar, tenho medo

Mentiras desnecessárias, desejo de morrer

Não há esperança para um vagante

Buscando algo que não existe, mas está em minha frente

Posso me imaginar alcançando, com muito esforço

Navego em meus pensamentos, nada

Como posso ser tão egoísta?

Afirmo, sou infeliz

Não agüento, é tortura

Nada me impede de cometer um ato sinistro

Desejo de vingança? Pior.

A sombra do tormento me perturba

Sozinho, vagante, pensando na morte

De um mero semblante sem sorriso

De um corpo sem alma, mal respiro

Perdi a guerra

Não suportei, falhei

Busco incessante o motivo de minha desistência

Nada encontro, pois não há motivo aparente

Sei o que fiz, não nego nada jamais

Imploro a eternidade que venha me buscar

Deito-me para sempre, sem deixar rastro

Acabo de cair

Tive de entregar

O pacto do silêncio me cala

Existência sem nada

Cheguei ao meu fim

Acabou, não vou insistir

Mergulhei no oceano, me afogo

Não quero ver o pôr-do-Sol das incertezas

Não, não dá, seria demais

Renascer, nem passa pela minha cabeça

Afogo minha alma sem piedade

Não penso em nada, não lembro de nada

Dei as costas para o amor

Virei minha face perante o juízo

Perco o controle, prefiro assim

Tudo volta e nada fica

Perco a memória, para quê vida?

Mais um vagante em busca da esperança

De um dia renascer e tudo mudar

Sentir na pele o pesar do bem e o remorso do mal

Não, não sou louco

Sou um caçador incessante

Caçador de almas

Caçador da humanidade

Não me peça nada, selo meus lábios

Porque não morro?

Acordo vagando, e vejo novamente o amanhecer

A noite cai no horizonte

O amor jorra da terra

Nas areias cravo minhas pegadas

A vida que tanto busquei

A perfeição não existia, era ilusão

Que me fascinou, já não me fascina mais

Adormeço sem saber, se isso é o fim ou apenas o começo.

Gu Oliveira
Enviado por Gu Oliveira em 21/08/2008
Código do texto: T1138832
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