Álbum de um Coração

Não há nada pior do que as lembranças,

Nelas sempre há um ressentimento, uma dor,

Voltamos a nossa infância, somos apenas crianças,

Brincando da forma mais pura de amor,

O tempo leva a nossa inocência,

E trás consigo, os espinhos do orgulho,

Mostrando-nos um mundo cheio de indecência,

Então, nos lançamos no inevitável mergulho,

O mortífero mergulho da ilusão,

E aprendemos a incessante arte de enganar,

E lidamos com as armadilhas da emoção,

Que não evita nosso coração de sonhar,

Nos tornamos, então, caçadores do impossível,

Vivendo por trás de ilusórias histórias,

Buscando ver nossas verdades atrás do invisível,

Alimentando aquilo em que acreditamos: as memórias,

Esquecemos de viver nossas vidas imaginárias,

E passamos a controlar um mundo letal,

Onde tudo torna as nossas metas ordinárias,

E nossos desejos se transformam em flores de metal,

Somos seres impenetráveis,

Fruto das experiências vividas,

Fechados nos nossos interiores incomunicáveis,

Dando adeus para as esperanças idas,

Torcendo para tornar-se “tocável”,

Esperando pelo mínimo gesto,

Apenas querendo se sentir mais amável,

Tentando não lembrar de todo o resto,

Que nos torna pessoas amargas,

Que lutam para semear sorrisos,

Ao longo das nossas estradas largas,

Dos nossos caminhos precisos,

Somos uma lágrima,

Correndo na face da ingenuidade,

Tentando esconder em vão essa lastima,

Que chamamos de felicidade,

Comemos as migalhas da timidez,

Sobrepomos aquilo que queremos ser,

Usando máscaras do talvez,

Ao invés da maquiagem do saber,

Somos reféns das nossas fantasias,

Presos nos cárceres da realidade,

Juntando argumentos para nossas melodias,

Usadas para ludibriar a eternidade,

Assim, dos braços da alegria acorda a nossa alma,

Que passa a viver o pesadelo da ilusão,

Brigando, à toa, para ser uma das que ama,

Para que possa entender além de um coração,

Estamos num universo cercado de falsidade,

Onde todos são suas chagas,

Se aproveitando dos pedaços de sua crueldade,

Para tentar encorpar as suas vidas magras, amargas,

Somos fruto do imperceptível,

Forçados a cultivar uma confiança,

Da nossa pele um sentimento inconcebível,

É quando abandonamos tudo, inclusive a nossa criança

SHEL AHMAD
Enviado por SHEL AHMAD em 07/09/2008
Código do texto: T1166561
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