CHUVAS
Eu sinto as gotas que ainda são nuvens
Algodão molhado nos meus olhos, água.
A saliva some da boca, ferrugem
No coração um susto de pesadelo.
Ainda sou menina, sou pequena
semente nesse desvelo.
Dia amanhecendo nublado, molhado
a rua varrida de folhas encharcadas.
Todos os trovões calaram-se
só não cala essa voz teimosa em mim
chamando para a vida sorrir
Resolvo obedecer, é cedo pra desistir.
Tenho talentos a acordar, risos contidos
lenha pra queimar, sem machucar
Livros a ler, rever grandes amigos.
Abrirei meu guarda-chuva
sairei para a rua, olhando com atenção redobrada:
"Cuidado meu bem, há perigo na esquina".