CHUVAS

Eu sinto as gotas que ainda são nuvens

Algodão molhado nos meus olhos, água.

A saliva some da boca, ferrugem

No coração um susto de pesadelo.

Ainda sou menina, sou pequena

semente nesse desvelo.

Dia amanhecendo nublado, molhado

a rua varrida de folhas encharcadas.

Todos os trovões calaram-se

só não cala essa voz teimosa em mim

chamando para a vida sorrir

Resolvo obedecer, é cedo pra desistir.

Tenho talentos a acordar, risos contidos

lenha pra queimar, sem machucar

Livros a ler, rever grandes amigos.

Abrirei meu guarda-chuva

sairei para a rua, olhando com atenção redobrada:

"Cuidado meu bem, há perigo na esquina".

Voando Alto
Enviado por Voando Alto em 02/10/2008
Reeditado em 25/12/2008
Código do texto: T1207210