A revolta da lua
A vaidosa lua está por demais deprimida...
Linda demais, no palco do céu, sempre protagonista
Vem o astronauta, pousa em suas costas
e a despe de sua veste de purpurina...
Maldita ciência... mostrou-lhe as cicatrizes...
Amplificou-lhe a imagem do rosto acinzentado,
Desbotou-lhe o bronzeado!
E a tatuagem de “São Jorge”, orgulho seu?
E os pretendentes? E os namoros ao luar?
Será tão romântico enamorar-se à frente de um telescópio?
E o enredo, contado nas tribos
Do seu romance frustrado com o sol?
Isso foi uma violência cometida pela vil ciência...
A vaidosa lua viu sua imagem deturpada
Ela que povoava mistérios da meia-noite, contos de terror,
criaturas místicas e folclóricas...
E agora, que suas fases nem impressionam?
De que adianta ser nova, minguante, cheia ou crescente,
Se sua cor de prata se apagou?
Quisera nossa atriz principal voltar aos lábios do poeta
Brilhar no céu com sua fantástica maquiagem
A lua que inspira e suspira, idos anos
Áureos tempos,
Ingrata a vida... que solidão!
Não tivesse a ciência descortinado sua pureza invicta,
nem tirado sua veste de purpurina...
Abaixo a epistemologia! Viva a poesia!