A Cíntia branca

A Cintia* branca

Meu cárcere negro

Contradição perfeita

Minha vida sobre efeito

No leito me vejo sumir

Meu corpo rarefeito

Vejo-me decair

Nas nuvens me esvaio

Rescindindo o meu eu

No meu cômodo me decaio

A mil poemas arcaicos

Numa vida de breu

A luz branca da Cintia

Faz-me por alguns momentos

Verte o camarote-do-torres *

No quarto padeço

Nas noites adormeço

Nos dias me esqueço

Que nas noites sou Louco

E nos dias sou Nada.

*Cíntia = Lua

*Camarote-do-torres = Paraíso