Quando morei na roça

Moro na cidade grande,

Mas, nasci no sítio.

Fui criado na roça,

Com a enxada na mão.

Lá era gostoso...

Tinha cachoeira,

Tinha vida e sonho.

Acordava de manhã,

Com o cantar do passarinho...

Meu café colonial

Tinha leite de vaca do curral,

Pão feito em casa,

Queijo da roça,

Manteiga, bolo, cural,

Suco de laranja do pomar,

Era tudo natural.

Na roça todo mundo se cumprimenta...

Gente simples, educada.

A sociedade rural

É humana, disso é diplomada.

Vizinho vira compadre.

Todo mundo se conhece.

Que saudade daquele tempo.

Morei lá na Amapuva...

Pertinho da cidade de Loanda.

Eu não sabia o que era piruca.

Armar arapuca era meu passatempo.

Lembro-me da minha rede na varanda.

Criava galinhas, tinha cavalo, cabrito.

Chupava melancia na roça.

Cuidava do pasto, batia munha...

Triste era colher o feijão...

Um dia quase perdi minha unha.

De tardinha era aquela prosa.

Lá não tinha televisão.

Agora na cidade grande,

Tanta gente e eu tão só.