Mágoas
Mágoas
Bom seria me livrar das mágoas.
Fosse possível triturá-las, eu as transformaria
em fino pó,
Que o vento da primavera levasse,
De tal maneira, dispersasse na imensidão
do cosmo,
Que partícula alguma a outra jamais
se aglutinasse,
Para que novas e indesejáveis mágoas se
formassem.
Cabível fosse dissolvê-las, com meu pranto eu
as destruiria,
Fazendo delas indefinível massa, solúvel,
biodegradável também,
Para que mal nenhum causasse mais a nada ou
a ninguém.
Ah! Mágoas, mágoas! Tolas são as mágoas!.
Velhas, recentes, pertinentes, inadequadas,
Constantes, fugidias. Sazonais.
Estranhas e entranhadas são as mágoas!
Nada valem, nada ajudam, serviço algum
nos prestam,
Senão conturbar-nos o espírito roubando
a paz da alma.
Frutos da humana inconsciência de criá-las,
Da tola insensatez de querer cultivá-las,
E estúpida incapacidade de saber descartá-las.