Não Basta Sorrir Menino



Há uma razão de águas turvas
Bem no ponto em que meu ser se inicia
Indo e vindo como os trens
Na imensidão dos dias...

Me lembro bem da casa em que cresci
Pequena, simples e sem graça
rindo, eu e meus irmãos de mãos dadas
Perambulávamos pela pequena casa
Brincando jogos imaginários
Comendo hamburguês invisíveis.

  
Me lembro da minha rua
Das pessoas que por ali passavam
Eram figuras distantes e caladas
Submergidas em suas mentes
Lutando pelo pão de cada dia
Conspirando contra si mesmas
Capitalismos de pura fantasia.

Um homem tem que ser forte
O meu pai me dizia:
Tem que arrancar a dor a unha
E reinventar a superfície do dia

 
_Não basta sorrir menino, não seja tolo
Enquanto você e os outros adormecem
Inevitavelmente o amanhã se distancia.