O MENINO VENTO

Vamos, mais uma vez, beijar o vento,

que como menino barulhento, senta-se

sobre a calçada, empurra o vaso com a mão

e sai disparado bem longe do chão.

Anda pela vinzinhança arrebentando

cortinas, vassouras, portões e telhados.

Se em algum momento é confrontado,

volta as costas e, sem estremecer, vai atropelando.

É uma criança teimosa, um jovem

turbulento, procurando entre portas e janelas

carregar a todo tempo, com vontade tenaz,

cada pedaço minúsculo de aquarela.

Ah, esse vento desvairado e presunçoso

fica de sobreaviso, de tocaia,

corre como um louco abandonado,

torna meu dia quieto todo atrapalhado.

São Paulo, 8 de julho de 2009.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 13/07/2009
Código do texto: T1696996
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