O MENINO VENTO
Vamos, mais uma vez, beijar o vento,
que como menino barulhento, senta-se
sobre a calçada, empurra o vaso com a mão
e sai disparado bem longe do chão.
Anda pela vinzinhança arrebentando
cortinas, vassouras, portões e telhados.
Se em algum momento é confrontado,
volta as costas e, sem estremecer, vai atropelando.
É uma criança teimosa, um jovem
turbulento, procurando entre portas e janelas
carregar a todo tempo, com vontade tenaz,
cada pedaço minúsculo de aquarela.
Ah, esse vento desvairado e presunçoso
fica de sobreaviso, de tocaia,
corre como um louco abandonado,
torna meu dia quieto todo atrapalhado.
São Paulo, 8 de julho de 2009.