Nossas Garças
Nossas Garças
Evane A. Barros Barbuto
Inevitavelmente, prendo meus olhos
Nas garças sempre que as encontro.
Escassas e raquíticas elas ainda
aparecem,
Povoando córregos e charcos,
Não perdendo nunca a esbeltez.
Um pouco ariscas, trazem nas penas
um branco encardido das lamas
por onde passeiam.
Por aqui, são assim nossas garças,
Pequeninas, vistosas – gabirugarças.
Para mim, serão sempre belas as garças.
Longamente, eu as observo, os pezinhos
mergulhados onde podem encontrar
peixes e bichinhos que lhes garantam
a subsistência .
Inocentes, miram-se nas águas poluídas
e fétidas,
Enfeitando, com sua elegância, nossos
brejos e riachos decadentes.
Outrora, bem maiores e mais belas,
Emprestavam asas brancas e macias
Que faziam das crianças pequeninos anjos
nas apresentações religiosas.
Uma delas já me fez anjo na infância,
com um par de asas deslumbrantes.
Eu, tenra idade, pequenina, inocente,
Presa àquelas brancas asas,
Quem garante, na vida não vivi,
momentos de anjo, instantes de graças?
Acredito sempre - as garças são cheias de graça.