Por quem choram os temporais?
Chora a chuva
com as gotas do presente.
Atemorizadas e frágeis
se precipitam dos céus.
Ela, porém, vem aos poucos, gradativa,
desprendida das nuvens.
A chuva chora
as amarguras em dosagens.
É subordinada às correntes
que lhe tolhem a liberdade.
Esgueira-se pela vala,
alcança o passeio dos pássaros,
lava os telhados, lava
o pranto de quem pranteia surpreendido.
A chuva se molda novamente
e atinge a potência de temporal.
Por quem choram os temporais?
Será por ciúme, ou por fingimento,
ou por quem chora uma desilusão?
São Paulo, 14 de julho de 2009.